Como tudo começou

Tudo começou quando entrei na faculdade. A mudança na rotina de uma adolescente que apenas estudava e utilizava o resto de seu tempo para ir ao clube, caminhar, fazer exercícios físicos, etc, para uma universitária preguiçosa que passou a dormir na maior parte do tempo e locomover-se apenas de carro afetou e muito a minha saúde.

Logo em seguida começou o estágio e a vida ficou mais corrida ainda. Trabalhar das 09:00 às 18:00 horas e ainda ir à faculdade realmente era um sufoco, e o tempo de caminhadas, clube e exercícios físicos tinha ficado para trás.

Quando entrei na faculdade poderia ser considerada uma pessoa normal e saudável. Não faço o tipo mignon devido à minha estrutura óssea, então sempre fui e serei grandona.

No final do segundo ano da faculdade já tinha engordado aproximadamente 10 kilos, ou seja, 2 sacos de arroz de 5 kg, o que é muito.

Acontece que sempre fui uma pessoa desencanada, não costumava me pesar e os 10 kg ganhos durante 2 anos passaram praticamente despercebidos, pois foi um ganho gradativo.

Quando estava no último ano da faculdade, já tinha atingido 88 kg, ou seja, 20 kg além do necessário. Esses quilos extras começaram a me incomodar, porém, comecei a namorar e não consegui controlar a balança.

Todos sabem que o programa preferido dos namorados é sair para comer. Durante o meu namoro conheci diversos lugares fantásticos para se comer, e o resultado apareceu 1 ano depois, quando estava prestes a me casar: a balança atingiu 98 kg.

Eu me lembro muito bem desse dia. Eu trabalhava no centro da cidade e ia de metrô. Da minha casa até o metrô eu ia a pé, eram aproximadamente 30 minutos. Na volta fazia o mesmo. Nesse dia eu sai do trabalho e cheguei no metrô, de onde seguiria a pé até a minha casa. Por acaso resolvi me pesar na balança de uma farmácia dentro do metrô e quando vi o visor digital mostrar 98 kg, quis morrer.

Sai de lá totalmente desnorteada, fui para casa e chorei. Eu sabia que precisava emagrecer e comecei uma dieta que foi interrompida no próximo final de semana quando sai com meu noivo para jantar.

Nos casamos em 2007 e viajamos para Buenos Aires, onde nos alimentamos de muito chorizo com batata frita. O resultado foi mais alguns kilos ganhos durante a lua de mel.

Os dois primeiros anos de casada foram de muita má alimentação, pois eu não cozinhava muito bem e nem tinha tempo para isso, pois chegava em casa muito tarde, razão pela qual sempre jantávamos no caminho, normalmente fast-food.

Após dois anos de casada atingi os 106 kg, o que é muito para uma pessoa com 1,72 m. Nessa época já tinha crises de tristeza em razão do meu peso e foi quando tudo se tornou muito difícil. Sempre tentava iniciar uma dieta, mas não conseguia persistir por muito tempo em razão da minha relação com a comida: de prazer e fuga.

Freqüentei os Vigilantes do Peso com o meu marido. Emagreci 6 kg e fiquei muito feliz, tão feliz a ponto de comemorar comendo hambúrguer. Já achava que podia tudo. Infeliz engano. Engordei tudo e mais um pouco.

Quando comemorei 4 anos de casada, em 2011, cheguei ao maior peso da minha vida: 116,8 kg. A única coisa que pensava era que se engordasse mais 3 kg pesaria então 120 kg,  quase o dobro do quanto sempre pesei.

A única coisa que consegui fazer foi chorar. Me sentia feia, horrorosa, não conseguia caminhar direito, e em razão do peso adquiri uma facite no pé, mal passava pela catraca do ônibus, não tinha fôlego para subir escadas, nem para namorar, só queria desaparecer. A vontade de ter um filho começou a aparecer e eu sabia que não poderia tê-lo com esse peso.

Pensei milhões de vezes em fazer cirurgia bariátrica, mas não tinha coragem. Vontade eu tinha muita.

Eu estava muito triste, só chorava. Tinha vergonha de ver as pessoas, não me arrumava mais. Uma tristeza só.

Em Janeiro de 2012, compareci a uma consulta com um nutricionista e em seguida fiz esse blog com o intuito de mudar definitivamente minha vida.